sábado, 25 de julho de 2009

A IGREJA DE LAODICÉIA.

INTRODUÇÃO:

Encontro-me ás vezes nas igrejas nos dias de hoje, e olho para elas e todas suas adaptações no que se refere à infra-estrutura. Muito se gasta em prédio, aconchego e beleza do templo. Porém, não é só isso que vejo acontecer, mas, também, olho para a realidade espiritual e encontro miserabilidade nas vidas em suas tentativas em buscar a Deus. Vejo as pessoas em não se preocuparem com suas vidas de santidade. E os cultos estão cada vez mais mortos.

Com tudo isso que acontece, eu paro para refletir sobre a situação da igreja de hoje em correlação com a igreja de Laodicéia. Acredito que das sete igrejas do Apocalipse, as quais foram cartas enviadas, a mais contemporânea é a igreja de Laodicéia. De todas essas, a igreja de Laodicéia é a que mais se aproxima de nossa realidade. Uma igreja que abandonou Jesus, o Cristo como centro da doutrina e da prática de vida, uma igreja que viveu a apostasia e se enquadrou no ambiente que vivia.

Sendo assim, em ver essa proximidade de nossas igrejas nos dias de hoje e a igreja de Laodicéia, resolvi fazer um artigo sobre ela.


PANO DE FUNDO DE LAODICÉIA:

É importante conhecermos como era a cidade de Laodicéia antes de entendermos o texto, pois o texto usa alguns detalhes que traz a luz dos fatos que ocorriam em Laodicéia.

É bom deixar relatado que havia três cidades com o nome de “Laodicéia” na antiguidade, e não podemos confundi-las, a saber: 1º Laodicéia ad Maré, que hoje é a atual Lataquia, a qual é o principal porto do mar da Síria; 2º Laodicéia Combusta, que é hoje a atual Ladique na Turquia; e 3º A Laodicéia do Lico (veremos a seguir porque tinha esse nome) que é a do Novo Testamento, a qual estará em analise, pois é a única que tem interesse bíblico. Veremos seus aspectos geográfico, econômico e histórico.


Aspecto geográfico:

Essa cidade era conhecida como Laodicéia ad Lycum, que nos dias atuais é a Pamucale, um lugar desértico. Ficava perto da cidade de Denizli, que nos dias atuais é a Turquia ocidental. Laodicéia encontrava-se cerca de 60 km a sudeste da Filadélfia, a 10 km ao sul de Hierápolis e a 16 km a oeste de Colossos; se localizava junto ao rio Lico e no fértil Vale do Licos, por essa razão tinha o nome de “Laodicéia do Lico”. E junto com Hierápoles e Colossos se formava uma totalidade, se tornando um grande eixo político-judicial do continente.

Outro ponto da sua localização era bom para o seu desenvolvimento e crescimento próspero, que era em um cruzamento de estradas consideradas importantes na Ásia Menor, a saber: 1º Estrada que ia para os portos de Mileto e Éfeso, cerca de 160 km; 2º A mesma estrada para o oriente levava ao Planalto central, e de lá para Síria; e 3º Existia outra estrada que conduzia para o Norte, que ia para a principal capital que era Pérgamo, e, também, para o Sul até as costas de Ataléia.

Ela era agrupada em uma área de 25 cinco aldeias no máximo, sendo-a cidade-mãe nesta autêntica metrópole, como mostra a arqueologia. Não só isso que arqueologia descobriu, mas, também, relata que nela havia uma pista de corrida e três teatros (um deles tem 136 metros de diâmetro). Muitas outras ruínas e itens foram descobertos que confirmam a sua riqueza.

Aspecto Econômico:

Precedendo está parte foi mostrado o seu aspecto geográfico, pois como já dito à cima a sua localização contribuía para seu crescimento financeiro e desenvolvimento. As estradas que foram relatadas fizeram com que a cidade se tornasse um grande centro bancário e comercial. De todos os lugares vinham homens de negócio para buscar financiamento para seus projetos e empreendimentos, pois possuía bancos.

Indústrias foram implantadas nela, dois tipos de indústria se destacavam. Havia a indústria de lã que fabricava roupas e tapetes de cor preta que ditava a moda, e a de medicina que era especializada em oftalmologia, que era feito pelo pó da Frigia, porém, não era conhecida como uma indústria, mas, sim, como uma escola de medicina. Também, por haver fontes minerais térmicas a tornava um centro terapêutico.

Depois dos tempos bíblicos sua prosperidade aumentou, e até antes desses tempos, na época dos primeiros imperadores romanos, ela já era famosa por sua importância e riqueza. Sua riqueza era tão grande que nos anos 60 D.C, ela foi vitima de um terremoto que quase a destruiu completamente (era uma cidade sujeita a constantes terremotos). Com sua própria riqueza ela se reconstruiu, evitando e renegando a ajuda do governo romano. E não somente para ela, mas, também, contribuiu para o levantamento de algumas cidades adjacentes que também foram atingidas pelo terremoto.

Aspecto Histórico:

A cidade de Laodicéia foi fundada no século III A.C. Ela foi ampliada por Selêucida Antíoco II, e seu nome foi trocada em homenagem a sua mulher “Laodice”, pois antes a cidade se chamava “Diosópolis”, a cidade de Zeus. Só para deixar de passagem o nome “Laodicéia” significa “Justiça do Povo” que é da palavra grega “laodikeiai”, denotando talvez um governo democrático, ou também, pode ser algum juiz do povo. No entanto, quando nós desfragmentamos a palavra dá a idéia: “os costumes dos leigos ou as opiniões do povo comum.”1. Pois, “laos” significa povo em comum/leigos e “dicéia” significa costumes/opiniões do povo. Com isso define a tal idéia:

“Esta Igreja que queria ganhar o mundo veio a tornar-se mundana e cheia de idéias e opiniões humanas. Todos opinavam e decidiam o que seria espiritual para a Igreja. Entretanto, nem sempre a voz do povo é a voz de Deus - a Igreja virou um caos.” 2

No século IV D.C, essa cidade era a sede episcopal da Frigia. Contudo, ela foi destruída pelas sangrentas guerras travadas pelos islamitas da idade média. Há ruínas chamadas de “Eski Hissar”, palavra Turca que significa “Castelo Antigo”.

Falando agora da historicidade Cristã na cidade, sabemos que Paulo esteve lá em sua terceira viagem missionária e provavelmente foi ele que deu origem à igreja dessa cidade, pela pregação da palavra. Conforme ensina Cl 4.13-16, sabemos que Paulo tem grande zelo pela igreja de Laodicéia e que ele escreveu uma epístola para aquela igreja. Há os que palpitem que a epístola escrita para igreja de Laodicéia seja a epístola aos Efésios, no entanto, isso não passa de conjectura.



O TEXTO (Ap 3. 14 – 22):

O Remetente (VS/14b): Nós sabemos que quem enviou essa carta para a igreja de Laodicéia e a escreveu foi João, o mesmo autor de Apocalipse. Todavia, ele escrevera essa carta, mas não foi ele que elaborou o conteúdo da mesma, pois quem elaborou seu conteúdo foi o próprio Jesus. Mas, como sabemos que foi ele? Pela forma que o VS/14b mostra. Podemos dizer que isto é um circunlóquio de Jesus, para entendermos melhor veremos cada item:

Ø O Amém: Em Is 65.16 aparece falando sobre o Deus da verdade. A palavra no grego para “verdade” e para “amém” é a mesma: “amém”, que é a palavra que aparece no texto. Ou seja, esse “amém” seria uma tipificação do “Deus da verdade” conforme aparece em Isaias, porém, aqui indica a Jesus, o Cristo, que também é o “Deus da Verdade”. Desta forma implica que as palavras de Jesus são verazes e sinceras, assim como o próprio Jesus é.

Ø Testemunha fiel e verdadeira: Próprio João escrevera que Jesus é fiel testemunha (1.5). E o próprio Cristo se apresenta como Verdadeiro à igreja de Filadélfia (3.7). Aqui há um contraste com a lamentável condição que a igreja de Laodicéia estava vivendo, enquanto Jesus era uma testemunha fiel e verdadeira, a igreja de Laodicéia não testemunhava verdadeiramente e fielmente. Jesus nunca escondeu e nem esconderá a verdade, ele não acrescentará nada do que vê, e, também, não esconderá nada.

Ø O principio da criação de Deus: Não podemos partir para as heresias como faz as Testemunhas de Jeová, que dizem que Jesus é um ser criado e foi o primeiro a ser criado por Deus. Esse texto não sustenta tal teologia. Aqui se refere a Jesus como base de toda Criação de Deus, podemos confirmar isso através dos textos (Jo 1.1-3; Cl 1.15-17). Portanto, essa passagem deve ser interpretada a luz dessas outras passagens. È interessante salientar de que em Ap 21.6, aparece falando que Jesus é o “principio”. Essa palavra no grego é “arché”, de onde vem a palavra “arquiteto”, ou seja, Jesus é o arquiteto da criação de Deus.

As reprovações (VS/15-17): Talvez nesse momento em que a carta estava começando a ser lida para igreja, houve uma expectativa de elogios que viriam, por causa da sua tamanha riqueza. Entretanto, nenhum elogio foi direcionado a essa igreja, mas, sim, reprovações. No VS/15 e 16 vemos que ela era uma igreja morna. Por que será que foi usada essa terminologia? Uns dos problemas que havia em Laodicéia, e considerado o maior, era sua escassez de água. Ela tinha um arqueduto de 6 ou 7 milhas construído, para trazer águas de fora para o suprimento da cidade. Vinham de Colossos águas frias e de Hierápoles vinham águas quentes, boas para tratamentos e cura de muitas doenças. Porém, quando as águas de Hierápoles chegavam à cidade, elas não estavam mais quentes, mas estavam mornas. Desta forma os cidadãos da cidade sabiam o quão era desagradável isso. Quando na carta foi usada essa analogia dá mornidão, o público que estava escutando a leitura sabia o quão desagradável eles estavam sendo para Deus. Não eram nem frios, uma analogia de alguém que espiritualmente está em uma situação de indiferença as coisas de Deus; e não eram quente, uma analogia de alguém que vibra nas coisas de Deus. Mas eram mornos, uma analogia para alguém que desagrada a Deus, pois se diz Cristão e ativo na igreja, mas não busca a Deus como deveria, e nem vive uma vida Cristã como deveria, porém, se envolve no meio do mundo e de suas vontades se adaptando ao ambiente em que vive, da mesma forma que as águas se adaptavam ao ambiente de Laodicéia.

Continuando essa parte vemos que no VS/17, eles achavam que estavam enriquecidos e de nada sentiam falta, só porque viviam no meio da riqueza e do bem-estar. Refletia na vida deles o comportamento da comunidade em que viviam. Desta forma mostrava o orgulho desta igreja, acredito que umas das coisas mais repugnantes aos olhos de Deus seja a questão do orgulho, o mesmo que levou Lúcifer a se rebelar contra Deus. Sentiam-se auto-satisfação e orgulho pela vida que levavam. Todavia, não era isso que Jesus achava deles. A mentalidade de Jesus sobre essa igreja era totalmente diferente do que eles achavam. Para Jesus eles eram desgraçados, ou seja, aqueles que não conheciam, não viviam, não experimentavam da maravilhosa graça de Deus e assim eram infelizes, o oposto do que pensavam que eram. Eles também foram chamados de miseráveis, ou seja, eram dignos de compaixão, pois em sua vivência não havia abundância, mas, sim, miserabilidade.

Essas próximas três criticas em que tiveram é um contraponto com a vida que eles pensavam que tinham. Pensavam que eram ricos e cheios de riqueza por causa do ambiente em que viviam e de seus bancos, contudo, eram pobres, não tinham a riqueza que precisavam. Orgulhavam-se, pois tinham a escola de medicina com especialidade em oftalmologia, fabricando remédios pelos pós da frigia, no entanto, a verdade é que eles estavam cegos diante as coisas espirituais, ou seja, fabricavam remédios para curar os outros, mas eles mesmos não se tratavam. E por último, se destacavam em sua indústria de roupas, produzindo vestimentas para os outros, todavia, eles mesmos não se vestiam, viviam numa nudez espiritual sem se preocuparem em se vestir com a verdadeira veste que precisavam.

E agora, após terem ouvido tudo isso, como será que podiam adquirir tudo isso que pensavam que tinham? Como podem se tornar ricos? Como podem enxergar? Como podem se cobrir? Já que têm todas essas qualidades na cidade, mas continuam vivendo ao contrário do que deveriam. Bem, na continuação do texto vemos a solução.

O conselho (VS/18-19): Já que todos os atributos que Laodicéia tinha, foi provado que espiritualmente era um antônimo, Jesus aconselha de como eles podem adquirir esse atributos espirituais. Para que se tornem ricos, eles precisam comprar “ouro provado no fogo”; aqui dá a idéia de ser refinado e purificado pelo fogo esse ouro que devem comprar. Ou seja, desse ouro é retirado toda impureza que pode ter. As impurezas que geralmente tem nas riquezas terrena. Portanto, eles deviam buscar a riqueza sem impureza, em Cristo. No decorrer do texto vemos também que eles são orientados a comprar “vestes brancas”, para que eles pudessem se vestir. As vestes brancas aqui entram em contraste com as lãs pretas que eles fabricavam na cidade. E não só isso, mas, também, reforça o sentido da pureza que eles precisavam adquirir, pois o branco significa pureza, e, também, se refere à justiça dos santos (Ap 19.8b). É uma admoestação para que se entreguem novamente a Cristo para obter a pureza e a justiça dos santos. E terminando o VS/18, a mais uma coisa a qual eles têm que comprar que é o colírio para os seus olhos, tornando-se um paradoxo para uma cidade de medicina oftalmologista. Pensavam que tinham o segredo para cura dos olhos, todavia, não sabiam que suas cegueiras eram piores e que só esse colírio adquirido em Cristo poderia trazer a visão que eles precisavam, a saber, a visão espiritual, e isso após de terem ungido seus olhos com esse colírio. Lembrando que a unção é um ato de separar e consagrar, ou seja, eles deveriam separar e consagrar seus olhos para as coisas espirituais. Muito interessante a definição do evangelho que podemos encontrar aqui, a saber:

“Riqueza divina para nossa pobreza espiritual; veste branca de justiça para nossa pecaminosidade. Visão espiritual para nossa cegueira” 3

Continuando esse texto vemos que Jesus dá mais conselhos. O próximo conselho é “arrepende-te”. No original essa palavra está no aoristo (que é o nosso pretérito), desta forma exigindo uma ação imediata que eles deveriam tomar. Mas antes disso há outro conselho “se, pois, zeloso”, essa frase está no imperativo presente, no original. Ou seja, eles deveriam ter uma constância em seu zelo pelas coisas referentes ao reino.

Precedendo esses dois conselhos últimos conselho, Jesus mostra um ensinamento, a saber: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo”. Quando há um castigo da parte de Deus, deve ser entendido dá mesma forma quando há um castigo da parte de um pai para o filho. Não é por maldade o castigo, mas para correção e principalmente amor, conforme já ensina Hb 12.5-11. O interessante aqui no texto, é que a palavra para amor não é o costumeiro “agapao”, mas, sim, “fphileo”, ou seja, o amor de Jesus por eles não é só o desejo de amar, mas é algo maior e mais intenso. Um amor de sentimentos, afeições e emoções.


A promessa (20-21): Esses dois versículos contêm uma promessa. No entanto, eles precisam tomar a iniciativa para que as promessas se cumpram. Vamos ver as promessas: “entrarei em sua casa, e cearei com ele, e ele comigo” e “ao que vencer lhe concederei que assente comigo no meu trono”. Vamos por parte. Para a primeira promessa se cumpra eles precisavam tomar o proceder de abrir a porta quando Jesus bate. Ele toma a iniciativa de ir ao encontro, e para que possam unir-se com Ele e desfrutar da sua doce comunhão precisam abrir a porta. É interessante esse versículo, pois o assentar a mesa naquela cultura é algo sério, é algo que só os íntimos e chegados poderiam desfrutar. Não é simplesmente o comer, mas é a idéia de íntima comunhão, ou seja, eles iriam desfrutar dessa íntima comunhão com Cristo, a comunhão de solidarizar, de conversar, de ouvir e ser ouvido e de receber encorajamento.

Para segunda promessa, é simples ver o que eles precisam fazer para herdá-la. Precisam tomar a iniciativa de lutar e serem perseverantes em suas lutas, pois a vitória não vem sem perseverança e luta. Essa promessa ecoa a promessa que Jesus fez aos seus apóstolos em Mt 19.28 e Lc 22.29-30. A totalidade da promessa é a mesma, porém a intensidade é diferente.

Quando a primeira promessa no texto fala em uma atitude que acontecerá na hora e futuramente, a segunda só se refere a uma vida futura.

A exortação final: Como foi dito às outras 6 igrejas, para essa não foi diferente: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. Ouvir aqui não é só escutar as palavras, mas, também, é obedecer e procurar mudar o seus procederes errôneos, os quais têm vivido.


CONCLUSÃO:

Essa igreja não incorporava nenhum bem que havia nas outras. Não tinha o calor espiritual de Éfesos, não tinha o temor de Esmirna, não tinha a fidelidade ao nome de Cristo e a fé de Pérgamo, não tinha a fé e as obras de Tiatira, não tinha um remanescente imaculado de Sardes e não tinha a observância da palavra de Deus e os labores de Filadélfia. 4

Pelo ao contrário, essa igreja só apresentava males diante de Deus. Uma igreja que não procurava bem estar espiritual, mas só físico. Infelizmente essa era sua realidade, uma realidade que vemos mais uma vez repetir nos dias de hoje.

Através dessa carta, acredito que as igrejas de hoje deveriam parar para refletir sobre suas vidas e ver se têm se relacionado com a igreja de Laodicéia, com tais perguntas: Onde estão minhas fontes de riqueza? Como tem sido nossa vida de santidade? Será que estamos agradando a Deus em nossa forma de ser igreja? Qual tem sido o valor de nossas vidas espirituais? Quando lemos a carta aos laodicenses vemos alguma proximidade com nossa igreja?


NOTAS:

1http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1179&menu=7&submenu=3

2http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1179&menu=7&submenu=3

3 HARPER, AF. Comentário Bíblico de Bacon. Editora CPAD: Rio de Janeiro, 2005. Volume 10.

4 CHAMPLIN, R, N. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia. Editora Candeia: São Paulo, 1995 Volume 4.


BIBLIOGRAFIA:

Bíblia Apologética de Estudo. São Paulo: I.C.P, 1995.

CHAMPLIN, R, N. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia. Editora Candeia: São Paulo, 1995 Volume 4.

HARPER, AF. Comentário Bíblico de Bacon. Editora CPAD: Rio de Janeiro, 2005. Volume 10.

LAWSON, Steven, J. As setes igreja do Apocalipse. Editora CPAD: Rio de Janeiro, 2004.

UNGER, Merril F. Manual bíblico de Unger. Traduções das Edições Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2006

Fonte Eletrônica: http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1179&menu=7&submenu=3
http://pt.wikipedia.org/wiki/Laodic%C3%A9ia

Maurício Montagnero

sábado, 11 de julho de 2009

O PANO DE FUNDO DO MODERNISMO/LIBERALISMO TEOLÓGICO.

INTRODUÇÃO.

O que é ser teólogo moderno/liberal? O que é o tal modernismo/liberalismo teológico? Como podemos identificá-lo? Que conseqüência tem para a teologia? Quais suas conseqüências para uma vida pietista e com a espiritualidade da igreja? Confesso que quando ouvia falar sobre teologia moderna/liberal, taís perguntas invadiam minha mente, e deixava-me estarrecido por não ter respostas para as mesmas.

Só posso dizer nessa introdução que essa teologia é um perigo para a vida de um cristão, como para igrejas e seminários. Podemos confirma isso através do século passado. Ela não é totalmente destrutiva, porém, seus 90% de ensinamentos acabam com a veracidade da fé cristã. Usando uma palavra mais forte, diria que o modernismo/liberalismo teológico “estripa” a genuína fé das pessoas.

Só para facilitar a leitura, estarei usando a forma que é mais conhecida essa teologia, ou seja, teologia liberal. Todavia, para entendermos essa teologia precisamos ver o pano de fundo de sua nascente, que foi o iluminismo.

ILUMINISMO.

O Iluminismo foi o legado do modernismo que originou um movimento intelectual feito por pensadores filosóficos que ocorreu no final do século XVII e no século XVIII, que destacava a soberania da razão humana. Foi um tempo em que tiraram Deus do centro para colocar o homem com sua razão. Nessa época eles só procuravam entender o quê era possível para a razão humana, e tudo que não fosse racional era colocado de lado. Portanto, todas as suposições metafísicas religiosas eram abomináveis para eles, pois era tudo irracional.

Esse período da história moderna tinha seus maiores pensadores na Alemanha e Holanda. Especialmente era fundamentado no racionalismo e no anti-sobrenaturalismo de Descartes, Spinoza e Leibniz, e, também, no empirismo de Locke, Berkeley e Hume. Não posso esquecer-me de Lessing, que dizia que é impossível a aceitação das verdades históricas do cristianismo; é bom guardamos esse conceito dele, pois veremos que os teólogos usaram essa teoria mais tarde. Quando Kant (maior pensador deste período) escreveu sobre a crítica da razão pura, fez com que o racionalismo ganhasse mais espaço, e que o sobrenaturalismo decaísse. Nessa obra fala que o saber do cientificismo genuíno é possível, porém, é um saber da realidade do “fenômeno”. Ou seja, a realidade é como se apresenta a nós e não a realidade em si. O que o homem pode conhecer sempre será manifestado pelo espaço e pelo tempo da mente humana e das categorias providos pelo mesmo entendimento, como a causalidade e substância. A única fé que pode ter é a fé moral e racional. Vamos vê uma declaração de Kant sobre “A religião nos limites da simples razão (1.783)”:

“A elevação do homem de um estado auto-infligido de inferioridade. Um inferior é alguém incapaz de usar seu conhecimento sem a ajuda de outro [...] Ter a coragem de usar seu conhecimento é então o homem do Iluminismo (Douglas, p. 345 v. Racionalismo).” 1

Como eu já escrevi o Iluminismo sempre enfatizou a razão e independência de suposições metafísicas religiosas. Só podemos chegar à verdade quando obtivê-la pelo racional e pela observação empírica. Esse movimento foi dominado pelo o anti-sobrenaturalismo. E como resultado teve o pluralismo religioso que é a existência de várias opções religiosas e verdades sobre religião, evitando julgar a religião mais verdadeira, ou superior (relativismo religioso). Através dessa época surgiu o deísmo, o
qual pressupõe que Deus criou o mundo, porém, não se interage e nem sustenta ele. Com isso, também, nasceu à crítica bíblica e a rejeição da revelação divina, pois o deísmo falava sobre uma religião natural, como pressuposto o racional. E através disso veio a nascer o Agnosticismo, Ateísmo e Ceticismo. Vamos vê rapidamente o significado de cada um:

Ø Agnosticismo: Essa corrente não crê em Deus (Ateísmo), todavia, não O nega (Teísmo). Eles declaram que é impossível resolver a questão da existência de Deus, e com isso evitam o juízo de valores.
Ø Ateísmo: Ao contrário do Agnosticismo, esse afirma 100% à inexistência de Deus.
Ø Ceticismo: Ele nega o saber humano completo e genuíno. Falam que não tem possibilidade de conhecimento do mundo exterior. São totalmente críticos a qualquer suposição metafísica.

Com essa enfatização da razão e da religião natural, dizendo que não há conhecimento completo de um transcendente, a teologia cristã foi influenciada e conseqüentemente alcançada por essas idealizações filosóficas iluminista. Fazendo assim que nascesse a teologia moderna, mais conhecida como teologia liberal. E essa é nossa preocupação nesse presente estudo, que estaremos a salientar no próximo tópico.

Só para deixar de passagem, o iluminismo foi mais do quê estou escrevendo, como as reações contra as autoridades políticas e o avanço dos conhecimentos científicos. Em países como a França o iluminismo foi anticlerical e de orientação política; e o Iluminismo Britânico desenvolveu um país onde já havia estabelecido uma monarquia liberal. Contudo, devemos ter idéia de que o iluminismo que aqui estamos vendo é o que ocorreu na Alemanha e Holanda, esses países que se preocupavam com o debate intelectual sobre a metafísica e a religião, que atingiu a teologia cristã.

A ORIGEM DA TEOLOGIA MODERNA/LIBERAL.

Ao acontecer o evento iluminista, fez com que seus pressupostos alcançassem a teologia cristã, dando origem à teologia moderna/liberal no final do século XVIII e no século XIX. Fazendo que seus legados continuem até nos dias de hoje. Essa teologia nascera no protestantismo, todavia, hoje ela é mais influente no meio católico apostólico romano.

Sempre a alguém que origina uma corrente teológica, e essa foi criada pelo alemão Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher (1768-1834). Esse homem negava a autoridade e os milagres de Jesus, o Cristo que estavam escrito na bíblia. Ele acreditava que a religião era auto-suficiente quando o sentimento humano mostrava, por exemplo, a comunhão com Deus era feito quando o individuo sente que está se relacionando com o Divino, e assim se torna salvo, mesmo que não creia no evangelho de Cristo. Para ele a bíblia não poderia ser tratada como uma narrativa de interveções divinas, ou como uma coletânea de pronuciamentos divinos. Ela era uma obra de experiência religiosa. Logo, não era preciso levar a escritura a sério em seus detalhes mais pequenos. Assim ele acreditava que as experiências religiosas era o centro da essência da religião. E a essência da religião encontra-se “no nosso senso da dependência absoluta”. Ou seja, na nossa comunhão com Deus, é que encontramos a religião pura, e não na confiabilidade da escritura. Vamos vê algumas palavras dele:

“O elemento comum nas expressões da piedade, por mais diversas que sejam... é este: a consciência de ser totalmente dependente ou de estar em relacionamento com Deus, o que é a mesma coisa”. 2

Com este pensamento ela elaborava novamente todas as doutrinas cristãs. E ele reinterpretou o pecado, dizendo que não é uma trangressão com a moral que deve ter, como a bíblia ensina, mas, sim, é a falta de busca da dependência com o Sagrado e o almejo pela liberdade. A redenção só ocorrerá se esse senso de dependência for restaurado. Agora chegamos no tocante da questão, a sua elaboração sobre quem era Cristo. Ele negava o Cristo ensinado pela teologia histórica com seus concilios cirstológicos, em outras palavras, ele negava a deidade de Cristo. Ensinava que Cristo era um homem que buscou o senso da dependência absoluta com o Divino, ou seja, buscou a comunhão com Deus, e essa comunhão foi tão intensa que poderia dizer que Deus habitava nele. Vamos ver o que ele escveve:

“O redentor, portanto, é como todos os homens em virtude da identidade da natureza humana, mas distinto de todos
eles pela potencialidade constante da
sua consciência de Deus, que era uma
verdadeira existência de Deus dentro dele”
3

Tendo essa idéia de Cristo ele diz que a obra redentora de Cristo, é a inspiração que ele dá através de sua vida, dos homens se relacionarem e procurarem a comunhão com Deus. Já que ele não acredita em Cristo como Deus, logo, não aceita a trindade como verdade. Ele declara que essa doutrina é a amarração da doutrina cristã. Portanto, ele dispensa essa doutrina e adota consigo o utilitarismo. Como ele definiria então as três pessoas da trindade que ele não acredita? Deus para ele é existente pois o homem busca o senso de dependência absoluta com Ele. Jesus é um homem histórico que nos deu o exemplo de relacionarmos com Deus. E o Espírito Santo é simplesmente como descrevemos a experiência religiosa, ou seja, a experiência com o Deus da igreja. Vemos a mesma idéia de Deus, nos escritos de Paul Tillich, mas, esse muda a nomenclatura para “o Fundamento do ser” e, também, nos escritos de Robinson que chama de “preocupação última”. Devemos que criar a consciência de que, Friedrich Schleiermacher distanciou da teologia bíblica e da teologia natural, e analisou a experiência religiosa como senso da dependência abosoluta com o Sagrado. Para quem gostaria de aprender mais, é só ler o livro dele: “The Cristian Faith”.

Com a abordagem de Friedrich Schleiermacher vários pensadores foram influenciados. Muitas coletâneas começaram a ser procuzidas falando sobre a “vida de Jesus”. Jesus começou a ser reinterpretado com interpretações racionalistas e fictícias, partindo do pressuposto de que os milagres e o sobrenaturalismo na bíblia não devem ter créditos. Mais para frente não só Jesus, mas toda a bíblia começou a ser reinterpretada sem os milagres e o sobrenatural, criando assim o conceito de quê há mitos na bíblia. Esse presente estudo não estará mostrando todos os pensadores dessa teologia, mas, citarei alguns nomes: Strauss, Renan, Seeley, Drews, Harnack e Ritschl. Esse último partia da premissa de Kant, falando que a bíblia é um livro de moral, e o cristianismo é uma religão de moralidade e não de sobrenaturalismo. A maioria desses autores falava que Jesus era um pregador de amor e moral. Todos buscam o Jesus Histórico, com isso tentavam levantar uma nova historicidade de Jesus, além daquela que está na bíblia. Alguém que devemos dar uma atenção especial nesse espaço, é Albert Schweitzer. Esse montou sua tese de doutorado chamado, “A busca pelo Jesus Histórico”, que se tornou uma obra admirada para essa teologia. Aqui podemos ver a teoria de Lessing, que citei acima. A história Cristã não é de se confiar e é precisso que seja revista, e foi isso que Schweitzer fez. E sem dúvida foi quem mais influênciou o meio liberal depois de Schleiermacher.

Schweitzer como os outros fala que o centro da pregação de Jesus era a moralidade. Ele falava sobre a escatologia e idéia do Reino da seguinte forma: Jesus acreditava que o Reino iria vim naquela era, e daí ele se tornaria o Messias, mas, Sua dedução falhou. Com isso ele ficou esperando esse acontecimento que resultou Sua morte. Enquanto isso ele ficava apregoando a ética interina. Jesus para ele era um político religioso e fanático, que andava pela vida sem destino. Seus ensinos tinham Jesus, no entanto, o quê ele mais destacava era o “respeito pela vida”. Acredito que esse ensino último, deu a base para a fonte da teologia existencialista.

Devemos lembrar que não só a historicidade de Cristo estava sendo questionada, mas, também, a crítica bíblica. Vários pensadores levantaram suspeitas sobre a bíblia, como: Baur, Lachmann, Weisse, Wilke, Holtzmann e Streeter. Só para termos uma idéia, foi através desse tempo, dessa época e com esses pensadores que começou uma ótica minuciosa dos evangelhos, onde surgiu a idéia do documento Q (que é uma suposta coletânea de ditos de Jesus, usados por Mateus e Lucas, mas, por Marcos não). Mais para frente na Europa continental, a crítica bíblica crescera, especialmente no novo testamento, criando assim a crítica da forma, tendo como maior pensador o famoso Rudolf Bultmann, um exegeta existencialista do novo testamento, que tinha perspectivas liberais. Esse foi influenciado pela filosofia existencialista de Martin Heidegger, e começou a reconstruir o Jesus histórico e Suas pregações. Ele falava que o novo testamento deve ser interpretado para a essência da existência. Para um conhecimento melhor da existência e de como você pode se desenvolver como ser enquanto tal. E os milagres e sobrenaturalismo que é mostrado na bíblia, ele acompanhava as idéias do demais liberais.

As idéias filosóficas influenciaram os estudos bíblicos, e criou um ceticismo acerca dos evangelhos. Não somente o evangelho, mas, mais para frente à bíblia inteira. Junto com o ceticismo moderno, começaram a questionar a veracidade do Cristianismo e da Bíblia. Diziam e dizem que a bíblia só tem confiabilidade em regra de fé, prática, ética e moral. Entretanto, o quê é histórico, cosmológico e sobrenatural, ela é falível. Vamos vê alguns conceitos do liberalismo no próximo tópico.

AS TENDÊNCIAS DA TEOLOGIA MODERNA/LIBERAL PARA A FÉ BÍBLICA.

Essa teologia trouxe grande divisão à ortodoxia. Seus ensinamentos gravaram rompimento em quase todas as denominações históricas. Pelo crescimento dessa teologia em seminários e igrejas, houve uma reação conhecida como Fundamentalismo. Eu não vou me aprofundar neles aqui, mas, quero deixar algumas coisas relatadas sobre eles. Os fundamentalistas dessa época, não podem ser confundidos com os mesmos fundamentalistas de hoje. Hoje o movimento que se identifica com o velho fundamentalismo chama-se de evangelicalismo.

O liberalismo começou ter grande crescimento no século XX, especialmente nos EUA. Muitos saiam dos EUA, para obterem pós – graduações na Europa, especialmente na Alemanha, onde conheceram os grandes ensinamentos liberais, e começaram trazer esses para os EUA. Com isso começou haver grandes batalhas entre os liberais e fundamentalistas. Os liberais conseguiram criar uma grande força nessa época, que ganhou um extremo espaço nos seminários e igrejas. Os fundamentalistas não viram outra decisão, a não ser de saírem dessas denominações e montarem novas denominações que foram: Batistas Regulares (que formam a Associação Geral das Igrejas Batistas Regulares, em 1932), os Batistas Independentes, as Igrejas Bíblicas, as Igrejas Cristãs Evangélicas, a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (em 1936, que mudou seu nome para Igreja Presbiteriana Ortodoxa), a Igreja Presbiteriana Bíblica (em 1938), a Associação Batista Conservadora dos Estados Unidos (em 1947), as Igrejas Fundamentalistas Independentes dos Estados Unidos (em 1930) e muitas outras denominações que existem ainda hoje. 4

Voltando com a ótica só no liberalismo, podemos falar que eles, negam as verdades de quase todos os fundamentos da fé cristã. Eles criam sua ideologia, de que há “mitos” na bíblia. Pois, os antigos não conseguiam compreender o que acontecia, portanto, os exegetas críticos falavam que os autores bíblicos usaram fontes que são revestidas de “mitos”, e lendas criadas por Israel e pela Igreja Primitiva. Assim nasce um método novo de exegese, conhecido como exegese histórico-critico/gramatical. Eles dizem que é preciso tirar os dogmas e a teologia sistemática, e tentar reconstruir a história e os fatos daquela época, para poder chegar às verdades que estavam por trás dos surgimentos da religião de Israel e do cristianismo. Para que isso possa ocorrer, a principal ferramenta a ser usada é a razão, com outras ferramentas como a crítica bíblica, crítica da forma e a crítica literária. Quero mostrar a definição dessa exegese que Uwe Wegner fez:

“Método histórico-crítico/gramatical, analisa os textos considerando sua gênese e evolução históricas. O método é crítico, pois as evidências apresentadas pelos textos permitem juízos alternativos e, por vezes, até antagônicos, sendo necessário avaliar criteriosamente as várias possibilidades de interpretação”. 5

Vamos desfragmentar para que possamos compreender seu significado melhor. Ele é histórico, porque ele trabalha com fontes históricas, e analisa dentro de uma evolução histórica, tentando mostrar os seus progressos de formação e crescimento, até mostrar sua forma atual. E, também, porque se interessa pelas histórias que geraram essas fontes, nos seus estágios evolutivos. Ele é crítico, pois precisa ter uma série de juízos sobre as fontes de estudo. Porém, o que quero destacar nesse método é duas analises que são conhecidas como Alta-Crítica e Baixa-Crítica:

Ø A baixa-Crítica: Essa é mesma coisa que a Crítica Textual. Sua analise é em restaurar o texto original, tendo como base os manuscritos que foram escritos, que são em volta de 5.000. Com isso usa ferramentas como a Kurt – Aland e a Nestlé – Aland, para o novo testamento. Para o velho testamento usa-se a Sturt Gartensia. Olhando para seus aparatos críticos, e vendo as evidências oferecidas pelas variações. Mostrando as diferenças nos textos que tem essas evidências nos manuscritos. E isso se vê através de símbolos e sinais.
Ø A Alta-Crítica: Essa analise mostra uma avaliação crítica da Bíblia. Não se permanece somente na bíblia, mas vai além, investigando sua autoria, historicidade, datação, integridade, sua forma de composição e estrutura, doutrinas ensinadas, procedências e as idéias envolvidas, dentre outras coisas. Geralmente essa crítica tem entrado em conflito com as doutrinas centrais da fé Cristã, para dar mais base ao cientificismo, modernismo e o racionalismo. Para termos idéia como eles vão além, eles chegam ao ponto de dizerem que Jesus não existiu, e foi inventado pela igreja primitiva. O maior apologista de nossos tempos conhecido como Norman Geisler declara que:

“A alta-crítica pode ser dividida em negativa (destrutiva) e positiva (construtiva). A crítica negativa, como o próprio nome sugere, nega a autencidade de grande parte dos registros bíblicos. Essa abordagem, em geral, emprega uma pressuposição anti-sobrenatural”. 6

Gostaria de salientar, que esse método exegético não é totalmente ruim. Eu faço uso das palavras de Norman Geisler, e digo que o método exegético histórico-crítico/gramatical, pode ser destrutivo quando é usado por um liberal convicto. Todavia, ele pode ser construtivo quando for usado por um evangelicalista convicto.

Nessa parte onde estamos, vou citar alguns pontos do liberalismo teológico, dentre outros que eu já escrevera nesse estudo:

Ø Eles falam que Deus é puro Amor, e não tem padrões morais. Pelo seu amor e paternidade, todos têm filiação divina e nenhum homem tem a separação por causa do pecado. Logo, eles adotam a idéia do universalismo unitário, que é o conceito que todas as pessoas serão salvas, e Deus dará um “jeitinho” até na situação do Diabo. Logo, não existe o inferno, e o pecado é a falta de relacionamento com o Sagrado, e, também, uma questão cultural. É a cultura em que você vive que define o que é pecado e o que não é.
Ø Existe uma centelha divina em cada pessoa. 7 Sendo assim, o homem é bom, ele só precisa de um incentivo para fazer o que é correto.
Ø Jesus não é o Cordeiro Salvador. Quando a bíblia diz que ele é Salvador, está querendo afirma de seu exemplo de vida, de sua proximidade com Deus. Ele não teve concepção e nascimento virginal, não realizou curas e milagres, não teve a morte expiatória e nem ressuscitou dos mortos. Como já falado, eles chegam até negar a existência do Jesus narrado, buscando assim a busca do Jesus Histórico. E conseguem ir mais longe ainda, falando que Ele não passa de um personagem criado pela igreja primitiva.
Ø Todas as religiões nos levam a Deus, o cristianismo só é a forma melhor delas.
Ø A bíblia não é veraz, confiável, inspirada e infalível. Somente ela é uma literatura para os Judeus e Cristãos poderem praticar; e não uma revelação.
Ø As confissões criadas nos concílios, não são essenciais para o Cristianismo. O que faz o Cristianismo são suas experiências religiosas e a sua moralidade.
Ø Eles favorecem o relativismo, negando a verdade absoluta. Com isso a bíblia deixa de ser verdade absoluta. Falam que aqueles que a declaram de verdade absoluta são bibliolátras.

Na contra – capa do livro o Cristianismo e o liberalismo, feito por J.G. Machem, ele escreve algo interessante:

“O liberalismo representa a fé na humanidade, ao passo que o cristianismo representa a fé em Deus. O primeiro, não é sobrenatural, o último é absolutamente sobrenatural. Um é a religião da moralidade pessoal e social, o outro, contudo, é a religião, do socorro divino. Enquanto um tropeça sobre a ‘rocha do escândalo’, o outro defende a singularidade de Jesus Cristo. Um é inimigo da doutrina, ao passo que o outro se gloria nas verdades imutáveis que repousam no próprio caráter e autoridade de Deus”. 8

Só resta fala para esses que não tem como negociar o inegociável, como o próprio Danilo Raphael escreveu. Contudo, eu dou graças a Deus que Ele levantou homens para defender a veracidade da fé cristã e enfrentarem os liberais dizendo que eles estavam afligindo verdades fundamentais do cristianismo, e lançaram “Os Fundamentos”, em doze volumes que defendiam os pontos do cristianismo. E, também, criaram cinco pontos para sua bandeira, a saber:

Ø A inspiração, infalibilidade e inerrância da bíblia das Escrituras. Reagindo contra os ataques do liberalismo que considerava que a bíblia estava cheia de erros de todos os tipos.
Ø A divindade de Cristo. Também negada pelos liberais, que insistiam que Jesus era apenas um homem divinizado.
Ø O nascimento virginal de Cristo e os Milagres. Para o liberalismo, milagres, nunca existiram, eram construções mitológicas da Igreja primitiva.
Ø O sacrifício propiciatório de Cristo. Para os liberais, Cristo havia morrido somente para dar o exemplo, nunca pelos pecados de ninguém.
Ø Sua ressurreição literal e física e seu retorno. Ambas as doutrinas eram negadas pelos liberais, que as consideravam como invenção mitológica da mente criativa dos primeiros cristãos. 9

Não somente esses fundamentalistas, mas, também, houve um grande apologista, considerado o maior do século XX. Que fez uma apologia maestral contra essa teologia (especialmente contra Bultmann). Esse homem é conhecido como C.S.Lewis, e sua apologia é chamada de: “A teologia moderna e a crítica bíblica”. Encerro essa parte com algumas citações desse documento:

“A autoridade de especialistas naquela disciplina é a autoridade em deferência à qual somos solicitados a desistir de um imenso acúmulo de crenças compartilhadas em comum pela igreja primitiva, pelos pais da Igreja, pela Idade Média, pela Reforma Protestante, pelos pregadores de século 19. Quero explicar aqui o que me deixa cético quanto a essa autoridade, ignorantemente cético, conforme muitos diriam após um exame superficial da questão. Mas o ceticismo é o pai da ignorância. É difícil alguém perseverar em um estudo detalhado quando tal estudioso não pode confiar prima facie em seus mestres... Em primeiro lugar, o que quer esses homens possam ser como críticos da Bíblia, desconfio deles como críticos. A mim parece que são fracos quanto a um bom juízo literário, mostrando-se incapazes de perceber a própria qualidade dos textos que examinam... Se tal homem chega e diz que alguma coisa, em um dos evangelhos, é lendária ou romântica, então quero saber quantas lendas e romances ele já leu, o quanto está desenvolvido o seu gosto literário para poder detectar lendas e romances, e não quantos anos ele já passou estudando aquele evangelho... Esses homens pedem-me que eu acredite que eles podem ler entre as linhas dos textos antigos; mas todas as evidências levam-me a notar a óbvia incapacidade deles de lerem (em qualquer sentido digno de discussão) as próprias linhas. Eles afirmam poder ver coisinhas minúsculas, mas não podem ver um elefante a dez metros de distância, em plena luz do dia... Os críticos só falam como apenas como homens; homens obviamente influenciados pelo espírito da época em que cresceram, espírito esse talvez insuficientemente crítico quanto às suas próprias conclusões... Os firmes resultados da erudição moderna, na sua tentativa de descobrir por quais motivos algum livro antigo foi escrito, segundo podemos facilmente concluir, só são ‘firmes’ porque as pessoas que sabiam dos fatos já faleceram, e não podem desdizer o que os críticos asseguram com tanto autoconfiança”. 10


CONCLUSÃO.

Saliento aqui as palavras do Dr. Augustu Nicodemos, ao ser entrevistado pelo ICP (Instituto Cristão de Pesquisas). O liberalismo contribuiu para a teologia de uma forma positiva. Ajudou para o nosso conhecimento acerca do antigo e novo testamento, e para nossa consciência da importância da cosmovisão oriental na formação do mundo dos autores da bíblia, mesmo que eles critiquem os mesmos. Contribuiu para um estudo das religiões do período neotestamentário, como o surgimento do Cristianismo, mesmo que suas conclusões sejam inaceitáveis para estudiosos comprometidos com a veracidade e inerrância da bíblia. Eles ajudaram a teologia indiretamente. Os seus pressupostos de estudos são interessantes, mas sua totalidade é diabólica.

Essa teologia só trouxe propostas para o mundo acadêmico, no entanto, uma verdadeira teologia vai além disso. Uma verdadeira teologia implanta novas igrejas, evangeliza e traz novas almas para Cristo, através da atuação do Espírito Santo. Porém, o liberalismo nunca fez isso, pelo ao contrário, onde ele passa é destruição. O liberalismo não funda novos campos missionários, igrejas, seminários e etc. Mas, espera o quê deles? Já que os mesmo não acreditam na Salvação do Cordeiro e nem na confiabilidade bíblica.

Devemos orar e estudar a palavra de Deus, através da iluminação do Espírito Santo, para podermos nos precaver contra essa teologia que tanto tem destruído e acabado com o povo de Deus. Mas, eu não disse que ela contribuiu? Sim, não nego! Entretanto, faço uso das palavras do Apóstolo Paulo aos Tessalonicenses em sua primeira carta, no capitulo 5 versículo 21: “Examinai tudo. Retende o bem.”. No caso do liberalismo, é o mínimo que podemos reter. O restante devemos jogar fora, para podermos cumprir o versículo 22: “Abstende-vos de toda aparência do mal.”
Maurício Montagnero

NOTAS.


1 GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética. Editora: Vida, 1999. Pg 411.

2 BROWN, Colin. Filosofia e Fé Cristã – um esboço desde a Idade Média até o presente. São Paulo: Vida Nova, 2007. Pg 98.

3 BROWN, Colin. Filosofia e Fé Cristã – um esboço desde a Idade Média até o presente. São Paulo: Vida Nova, 2007. Pg 99.

4 http://www.icp.com.br/69materia2.asp , por Danilo Raphael.

5 WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento. Manual de Metodologia. São Leopoldo: Sinodal: São Paulo: Paulus, 1998; Pg 17 e 340.

6 http://www.icp.com.br/69materia2.asp , por Danilo Raphael.

7 http://www.vidanova.com.br/teologia_augu05.html , por Augustu Nicodemus.

8 http://www.icp.com.br/69materia2.asp , por Danilo Raphael.

9 http://www.vidanova.com.br/teologia_augu05.html , por Augustu Nicodemus.

10 http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/teologia_moderna_biblia_lewis.pdf


BIBLIOGRAFIA.

BOICE, James Montgomery. O Alicerce da Autoridade bíblica. Editora: Vida, 1989.

BROWN, Colin. Filosofia e Fé Cristã – um esboço desde a Idade Média até o presente. São Paulo: Vida Nova, 2007.

EVANS, Stephen C. N. Dicionário de Apologética e Filosofia da Religião Editora: Vida, 2002.

GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética. Editora: Vida, 1999.

WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento. Manual de Metodologia. São Leopoldo: Sinodal: São Paulo: Paulus, 1998.

Enciclopédia de Filosofia. Sapadix Software.

http://www.icp.com.br/69materia2.asp

http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/teologia_moderna_biblia_lewis.pdf

http://www.vidanova.com.br/teologia_augu05.html

domingo, 5 de julho de 2009

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO NOS SALVA?

Nos últimos dias tenho estudado o catolicismo apostólico romano e sobre sua apologética. Estudo esse que mostra a defesa da fé deles em relação ao protestantismo. Através deste estudo vim a me deparar com um artigo que se chama: “A Salvação para Católicos e Protestantes”. Que se encontra em um site de apologética católica, para quem quiser entrar é só clicar aqui http://www.apologeticacatolica.cjb.net/, e procurar esse tema na área de apologética. A leitura inteira deste artigo é interessante, mas o que me chamou a atenção foi esse seguinte trecho que eles escreveram:

“Se somos Salvos, esta salvação vem pelo Sacrifício de Cristo na cruz, não pela Ressurreição. Por sua Ressurreição ele nos mostra o que podemos esperar, ele nos mostra o prêmio aos que, como dizia São Paulo, ‘Chegam ao fim da corrida’. Mas não é pela Ressurreição que somos salvos, e sim pela Cruz.”

Não digo que este trecho esteja inteiramente correto, como também não digo que esteja inteiramente falso. Se formos ver o que está correto podemos destacar duas coisas, a saber: 1° A Salvação realmente vem pelo sacrifício de Cristo na cruz; e 2° Através da ressurreição temos uma esperança, de quê um dia ressuscitaremos como Jesus, conforme ensina Paulo em 1 Co 15. No entanto, devemos também analisar a parte falsa deste trecho, que infelizmente o derruba inteiro e vai contra o que a bíblia ensina, a saber: Que não é pela ressurreição que somos salvos.

Podemos notar que isso é um pressuposto do autor em falar que pela ressurreição nós não somos salvos, pois o mesmo não mostra base bíblica para isso. Todavia, tentaremos mostrar ao contrário, partindo do pressuposto da bíblia, com isso elaboro três pontos em cima de textos bíblicos:

1° Em Jo 16 Jesus, o Cristo ensina que quando Ele fosse, viria outro em seu lugar, e esse outro era o consolador que se encontra na pessoa do Espírito Santo. E nesse texto mostra que uma das atividades do Espírito Santo seria em convencer “o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (v.8). Gostaria de chamar a atenção para o primeiro item, que é o pecado. Que pecado é esse que o Espírito Santo iria convencer? O v.9 nos dá a resposta: “do pecado, porque não crêem em mim”. Ora, sabemos que para recebermos a salvação de Cristo devemos que crer Nele (Rm 3.20 – 26; Rm 5.1; Ef 2.8). Só um lembrete (para os católicos a salvação vem pelas obras também). Mas, voltando ao assunto eu pergunto: Se Jesus não tivesse ressurreto Ele não teria subido, e se Ele não tivesse subido o Espírito Santo não teria vindo, e se o Espírito Santo não tivesse vindo que convenceria o mundo do pecado?
2° Em Hb 4.14 – 16, fala que Cristo é nosso sumo Sacerdote e que Ele penetrara os céus. Ora, como ele penetrara os céus se não foi depois da ressurreição? E agora, Ele está lá nos dando à força de podermos entrar diante o trono da graça, ou seja, diante de Deus, isso por que ele criou compaixão por nós e pela sua ressurreição está diante o Pai.
3° Em 1 Jo 2.1, fala que nós temos um advogado justo que é Jesus Cristo, que está intercedendo por nós para quando nós pecarmos, por conseguinte, intercedendo por nossa salvação. Jesus, o Cristo é o melhor advogado que já existiu! Pois nunca perdeu nenhuma causa... E como Ele estaria sendo nosso advogado se Ele não estivesse lá? E como Ele estaria lá se não tivesse ressuscitado?

Como já escrevi lógico que a morte de Cristo na cruz nos trouxe salvação e que foi Substituição pelos pecadores (expiação vicária), redenção dos pecados e para o homem foi uma reconciliação com Deus. Todavia, é uma falácia falar que uma coisa nega a outra, ou seja, só porque a morte de Cristo nos traz a salvação quer dizer que a ressurreição não traga. Ambos são para nossa salvação e servem para nos trazer tal Salvação.

Sola Gratia e Sola Scriptura. Maurício Montagnero.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O FATOR DEUS - UMA RESPOSTA A ESTE ARTIGO -

Recomendo que leia antes o artigo "O Fator de Deus" de José Saramago, clique nesse link para ler: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u29519.shtml
Confesso que meu conhecimento da ciência é muito limitado, tenho que aprender muito dessa área. Mas, tem algumas pesquisas cientificistas que ainda me recordo, pois aprendi em meu desenvolvimento na escola (que alias me arrependo em não ter buscado mais desenvolvimento). Dentre as quais lembro, é sobre a camada de ozônio que é uma “capa” de gás que envolve a terra a protegendo de várias radiações, dos raios ultravioletas que é o principal causador do câncer de pele e do aquecimento.

Todavia, tenho visto algo acontecer que tem me entristecido e acredito que não só a mim, mas a todos nós. Algo estarrecedor, apavorante, triste, que está fazendo todos nós sofrermos. Talvez você esteja se perguntando “o que será que é”? Bem, eu vou relatar o que é. Devido ao desenvolvimento industrial que tem acontecido desde o século XVIII, a nossa camada de ozônio tem sido destruída, pois são usados produtos que emitem clorofluorcarbono, que é um gás quando atingi a camada de ozônio destrói as moléculas que as formam (O3), causando assim a destruição dessa camada da atmosfera. Logo, as radiações se tornam mas acessíveis em nosso planeta, como, também, os raios ultravioletas, fazendo com que as chances do câncer de pele aumentem; e por último o aquecimento tem tido um aumento maior, fazendo com que nós vivamos com um tempo caloroso que nos desanima e nos prejudica.

Certa vez ouvi alguém dizer assim: “Se este calor é existente é porque Deus almeja assim”. Será que realmente é Deus que deseja? Claro que não! Nós estamos passando por tais dificuldades em nossa temperatura, pela própria tolice dos homens; tolice essa que os fazem cometerem atitudes errôneas, tão errôneas que trazem tragédias como essa. Por conseguinte, acredito que José Saramago não tenha pensado nisso ao escrever: “O Fator Deus”, na folha de São Paulo em 16/09/2001. Um artigo que mostra sua indignação com as tragédias que aconteceram em vários momentos da história, por causa do nome de Deus. Por isso pergunto-lhe, se essas tragédias foram realmente feitas pelo nome de Deus, ou pela a estupidez do homem? O que impulsiono o homem a cometer seus erros não foi o nome Deus. Não podemos fazer logo de cara essa comparação de causa e feito antes de firmamos as premissas; em outras palavras: o pulo de lógica desse artigo foi gigantesco. O que diremos pois de outras tragédias que aconteceram em nosso mundo que não envolve o nome Deus, mas, no entanto, mostra a mão do homem, como essa que eu relatei logo acima? A partir da minha ótica não vejo outra resposta, a não ser: A tolice do homem! Talvez, estou sendo passivo ainda, ao dizer somente da tolice; pois poderia falar também da ganância, do orgulho, da soberba e da ignorância, dentre muitos outros adjetivos negativos que o homem possui.

Como o próprio Saramago citou Nietzsche, para ajudar em sua tese, assim também faço para ajudar a minha. Nietzsche, em seu livro “Assim falou Zaratustra”, ele usa a palavra: Übermensch, palavra alemã que quer dizer o “Super homem”, que tradução mais correta seria “Além do Homem” . Ele elabora isso para querer acabar com a conotação de Deus e com a consciência cristã, igualmente a outros filósofos que tentaram fazer, mas como sempre falhou (como diria Colin Brow: A religião é forte demais para filosofias preconcebidas). Bem, ao elaborar essa teoria ele explica os passos em que o homem deve passar para se torna Übermensch, a saber: 1º Através da sede de poder, manifestado destrutivamente pela rejeição, rebeldia e rebelião contra velhos ideais e códigos morais; 2º Através da sede de poder, manifestado criativamente em superar o nihilismo e em reavaliar seus ideais velhos ou em criar novos; e 3º de um processo continuo de superação.

Ou seja, Nietzsche mostra que o homem tem que se torna: 1º Ganâncioso; 2º Não ter Deus em mente; e 3º Ser mais ganâncioso ainda. Claro que ele ensinou isso de uma forma mais eloqüente. Todavia, ele com sua teoria provo sua tolice e arrôgância; logo, provo que assim é o homem, e incentivou para que o homem seja cada vez mais assim; e partir do momento que o homem procura ser um Übermensch, logo ele fará de tudo para se torna um, incluindo tragédias e catástrofes. Sabe porque? Por que a história já mostrou isso e mostra ainda. Apesar do homem não ter a idéia de Übermensch em tempos passados, ele já procurava ser um.

Portanto, eu peço para que o Saramago como aqueles que têm a mesma ideologia que ele, repensem sobre isso e tenham flexibilidade ao repensar. O homem tem destruído o mundo, o homem tem cometido tragédias, e o mesmo tem usado o nome de Deus para darem elucidações aos seus erros medonhos, por causa de sua tolice e ganância. Eu não peço para que passem ao teísmo a qual exerço, porém, que pela razão (algo que faltou) pensem que, se há tragédias é simplesmente por causa do homem.
Maurício Montagnero.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A Pedra Angular.

Em minha leitura esta manhã, refleti nas palavras de Paulo em Romanos 9:33. Ele fala de Cristo como pedra de tropeço quando escreve:

“Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço; e uma rocha de escândalo; e quem nela crer não será confundido.”

Evidentemente, a igreja primitiva combinou duas passagens de Isaías (8:14; 28:16) para reconhecer que Jesus era o Messias; o herdeiro ao Trono de Davi.

Jesus é, de fato, a Pedra da Ofensa. A religião humanista põe o ser humano no centro do universo, a razão como salvador e as boas obras das pessoas como o meio à salvação. O slogan se torna: "No homem confiamos!" Cristo, de fato, desafia tudo isto. Deus é o centro do universo. O homem é pecador, pessoalmente e coletivamente. Razão sem revelação leva à ilusão. Cristo é o Salvador. Nosso slogan é: “Em Deus confiamos!”

Este simples fato da Pedra da Ofensa é verdade tanto no nível pessoal quanto coletivo.

A Revolução Francesa e a Revolução Americana, mesmo tendo ocorrido no mesmo período da história, foram de ordem radicalmente diferente. Os franceses estavam destituindo – revoltando-se contra – a ordem antiga, tornando o estado soberano, nomeando a razão como fonte de todo conhecimento e contemplando a perfeição do ser humano. A Revolução Americana não foi verdadeiramente uma revolução, mas uma reforma - um retorno a uma forma anterior - uma volta à ordem antiga onde Deus é soberano.

O experimento francês foi liderado primeiramente por anarquistas e, em seguida, conforme a sociedade entrou em colapso, por tiranos. O experimento americano foi liderado primeiro por Puritanos tementes a Deus e, em seguida, por seus filhos a partir do Segundo Grande Avivamento (1790-1840). A mentalidade e as ações da Revolução Francesa procuravam colocar o ser humano no centro do universo e definir o Estado Comunista, Socialista e Fascista como modelo soberano de governo. A experiência americana foi um experimento de liberdade onde Deus é soberano e os cidadãos são autogovernados – obedecendo tudo o que Cristo determinou (Mateus 29:19-20). Desde então, as nações da terra têm pensado nestes dois experimentos, o francês e o americano, para descobrir a raiz e a natureza das sociedades livres.

Quando o ateísmo reina, a liberdade se torna libertinagem - o direito de fazer o errado e promover o mal. Quando Deus é soberano, liberdade quer dizer liberdade sob a lei - o direito de fazer o bem e promover a justiça em todas as áreas da vida.

Cristo é a Rocha da Ofensa. Ele é quem disse ser, o Senhor e Salvador da humanidade e das nações. Os indivíduos que tentarem salvar a si mesmos tropeçarão na Pedra de Tropeço. Para as pessoas se encontrarem, elas precisam ter uma conversão interna deixando os seus egos e voltando-se para Cristo, deixando para trás o discurso “eu estou muito bem” e declarando “sou um pecador que precisa do sangue de Cristo pelos meus pecados e que a Sua justiça seja a minha justiça."

Comparativamente, as nações que anseiam por liberdade precisam experimentar uma conversão interna – uma nova metafísica – a cosmovisão do Reino de Deus. Uma nação sob o governo do homem leva ao caos e, invariavelmente, à tirania. A nação que anseie por liberdade, primeiramente precisa lidar com a Pedra de Tropeço e buscar uma conversão metafísica – tornar-se uma nação sob o governo de Deus.

Para a liberdade reinar nos corações das pessoas e nações, a Pedra de Tropeço precisa se tornar a Pedra Angular (1 Pedro 2:6).

Darrow L. Miller (Tradução de Fernando Guarany Jr.)

Visite o blog da DNA – Disciple Nations Alliance: disciplenations.wordpress.com

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Heresias Primitivas

Durante os anos que vão de 70 a 140, ou seja, I e II século d.C., foram de expansão e crise interna, para o judeu-cristianismo (pensamento cristão sem vínculo com a comunidade judaica), se expressava através de equemas do judaísmo. Os judeus-cristãos foram superados pelos gentios-cristãos. Desse judaísmo cheio de idéias cristãs e não-cristãs, trazidas por pagãos que se convertiam, que iria surgir as mais antigas heresias, conhecidas como heresias judaicas.
Ebionismo:
Os ebionitas (pobres), judeus-cristaos que seguiam a lei de Moisés, mas acreditavam que Jesus Cristo era o Messias, porém achavam que Ele não era o Filho de Deus (apenas um profeta anunciado por Moisés), Os ebionitas subsistiram até o século V, nesse período, dividiu-se em numerosas seitas. O apóstolo João escreveu seu evangelho, refutando essas heresias.
Elcasaísmo:
Fundador Elxai, recebeu revelação por meio de um livro dado por um anjo, lembrando Maomé (Alcorão) e Joseph Smith (Livro de Mórmon). Aceitavam apenas partes do A.T.
Nicolaísmo:
Fundador Nicolau (Balaão), era diácono da igreja, seita gnostico-libertina que apareceu em Éfeso e Pérgamo (Ásia Menor), condenava o Deus da criação.
Cerintianismo:
Fundador Cerinto, acreditava que Cristo não nasceu Deus, mas tornou-se Deus no batismo, quando morreu Deus o abandonou, para recebê-lo na sua 2ª vinda, no final dos tempos.
Gnosticismo:
Heresia complexa, de elementos filosófico-religiosos orientais e cristãos. O Gnosticismo era composto por vários movimentos sincréticos de tradições religiosas da sua época: o helenismo, o dualismo, cultos de mistério, judaísmo e o cristianismo; enquanto as heresias judaicas estavam apegadas às tradições mosaicas, os gnósticos, pagãos que aceitaram a fé cristã, tentavam introduzir nela, concepções pessoais e teorias filosóficas.
Sempre em contínua evolução, mas com um ponto em comum, de que entre Deus e a matéria há uma série de seres que intermediam um contato do homem com a divindade.
Gnose (grego) significa “conhecimento ou ciência”, pretensiosamente se denominava como ciência de Deus, revelando assim seus mistérios a seus adeptos, herdeiros da ciência mística, base de todas as religiões, assim sendo, a gnose dá o segredo do universo e o segredo da evolução.
Seus ensinos são uma verdadeira rebelião contra Javé, o Deus de Israel, sua criação e a sua lei; diziam que Javé era um demiurgo (pequeno deus) inferior, que criou um mundo fracassado. Gnose revelação do Deus autêntico, possibilitando um retorno através de um rompimento com o mundo e a lei divina.
Os pontos fundamentais da heresia:
a)- Deus, uno e separado (longe), da matéria (seres);
b)- A matéria eterna é o princípio do mal;
c)- Eões, seres entre Deus e a matéria, juntos formavam o pleroma, afastados de Deus se tornavam imperfeitos. Um deles foi excluído do pleroma : Demiurgo, que criou o mundo e o homem da matéria já existente, produzindo também eões inimigos de Deus.
d)- O mal provém da união das almas, mas o homem não é totalmente mal, porque o Demiurgo tirou do mundo espiritual uma centelha divina e colocou-a na matéria, assim sendo, os homens se dividem em três classes: espirituais (espírito-superior-matéria); gnósticos (psíquicos-espírito=matéria); os cristãos (materiais/hílicos-matéria, superior, espírito) – os pagãos.
e)- Cristo como espírito emanado, ensina aos espíritos como se libertarem dos seus corpos; uns deixam os seus corpos fazerem o que quiser e outros o mortificam através de penitências. A redenção realiza-se no interior de cada alma, numa identificação com Deus, ou seja, o conhecimento e compreensão do próprio eu. Os relacionamentos Deus-cosmos se dão por antíteses : luz-treva, vida-morte, alma-psiquismo, “divindade como negação do mundo”.
Nos anos de 105 a 170 da nossa era, a Igreja reuniu vários concílios em combate ao gnosticismo, em nossos dias, as idéias gnósticas ressurgem entre a teosofia e o espiritismo.
Primeiras ações gnósticas, surgem na Palestina e na Síria, com o judeu-cristão Cerinto, materialista, que considerava Jesus Cristo um simples homem nascido de José e Maria. Simão Samaritano, o Mago, e Menandro são considerados os fundadores do gnosticismo.
Simão, taumaturgo do tempo de Nero, hábil na magia, originou várias lendas; em Atos 8:5-52, ele propôs a Pedro a compra do poder de fazer milagres, desafiou os apóstolos numa demonstração de poder, voando em torno de uma torre, ensinava que o mundo não foi criado por Deus e sim por anjos, para os samaritanos ele era o primeiro Demiurgo.
Menandro, discípulo de Simão, era mágico (comum nos gnósticos de Samaria), dizia que os que o seguissem jamais morreriam, se julgava o Salvador.
Saturnino, viveu entre 100 e 130 d.C., grande figura do gnosticismo, conferiu a forma definitiva a esta doutrina, achava que o homem foi criado por sete arcanjos.
Os barbelognósticos (do siríaco barbá eló, que significa “Deus em quatro”, ou seja, contém em si próprio : pensamento, pré-conhecimento, incorruptibilidade e vida eterna) e os sethianos-ofitas.
A heresia passou para o Egito (Alexandria), Valentiano e Carpócrates foram seus maiores defensores (tudo que se realiza na matéria é insignificante, do ponto de vista da alma).
Basílides organizou a doutrina de Simão o Mago, sintetizando-a (os anjos criadores do mundo, que dividem o domínio do mesmo), um deles é Javé, o deus dos judeus, que submete a si os demais.
Os ofitas cultuavam a serpente do paraíso: a serpente que se revelou contra o Demiurgo, e propôs a libertação através do conhecimento (gnóse) e da “ciência do bem e do mal”.
O marcionismo, do líder cristão Marcião, nascido em 85 d.C., em Sínope, costa do Mar Negro, criou uma nova forma de cristianismo (oposição entre a lei e o evangelho, entre a justiça e o amor), obra : Antítese (perdida), opunha o A.T. ao N.T., (como Lutero iria fazer mais tarde), suas igrejas eram poderosas na mesopotâmia, seu principal opositor, o teólogo Tertuliano, que escreveu o tratado Adversus Marcionem.Principais obras gnósticas, achadas em Nag Hammadi, alto Egito, em 1945, originais em copta, copiadas em grego no século IV, entre os 51 livros achados estão: o Evangelho de Tomé, o Evangelho de Felipe, o Evangelho da verdade, o Apocalipse de Adão, o Livro do Grande Seth e o Apócrifo de João, onde no Gênesis, o Criador (Deus), se apresenta como ignorante e malévolo. Além, é claro, do polêmico Evangelho de Judas. O Bispo Irineu refutou essas heresias, em sua obra “Contra as Heresias”.
O Montanismo:
Apareceu na Frígia (Ásia Menor), de 150 a 157, movimento intelectualista, organizou-se em comunidades; na Ásia Menor, em Roma e na África do Norte, fundador Montano (sacerdote de Cibele), converteu-se ao cristianismo, julgava-se o instrumento do Espírito Santo prometido por Cristo e precursor de uma nova era, Prisca e Maximila suas profetizas. Chamavam a si mesmos de pneumáticos (inspirados pelo sopro do Espírito). Esta seita, anti-romana, se constituía numa ameaça para a paz entre a cristandade e o estado, foi excomungada pela Igreja, mas subsistiu no Oriente até o século VIII.
Os Antitrinitários:
Teófilo de Antioquia, escritor cristão, em 180 a.C., começa aparecer em seus escritos a palavra “tríade” ou “trindade” (um só Deus em três pessoas), que serviu para explicar o dogma cristão da Santíssima Trindade.
Logo surgem os opositores, como o adocionismo, de Teodoto de Bizâncio (rejeitava a Trindade, negava a divindade de Cristo e a encarnação do Verbo), foi condenado pelo papa Vítor I (189-199); em 190 d.C. surgiu outra heresia, iniciada por Noet, que Praxéias e Sabélio, desenvolveram, recebendo o nome de sabelianismo ou monarquismo ou modalistas (para eles o Pai, o Filho e o Espírito Santo, eram apenas três títulos diferentes e não pessoas); assim sendo, o Pai se encarnou na virgem, nascido tomou o nome de Filho, sem deixar de ser o Pai, logo foi o Pai quem morreu na cruz.
O Maniqueísmo:
Tipo de gnosticismo que começou na Pérsia, na 1ª metade do século III, fundador; Manés (Manion Maniqueu – 215/276), da Babilônia, morreu esfolado porque não curou um filho do rei Behram.
Para Manés, que seguia os ensinos de Zoroastro (Zaratustra), há dois reinos eternos : o da luz, em que domina Deus (Ormuzde ou Ahura Mazda), e o das trevas, domínio de Satã (Ahrimã ou Anrô Mainiu). O homem preso por Satã, luta para se libertar das trevas e ir para a luz, liberdade que se alcança por meio de uma vida austera, compreendendo três selos, (mortificações) : o selo da boca (jejum), o selo da mão (abstenção do trabalho) e o selo do ventre (castidade).
Existia duas classes : os eleitos (monges) e os ouvintes ou auditores (fiéis); com uma hierarquia de doutores, administradores, presbíteros, diáconos e missionários, rejeitaram o A.T. e expurgaram do N.T. as interpolações judaicas, para adaptar a Escritura aos fins de sua seita.
Santo Agostinho, foi conquistado por essa seita, um famoso discípulo de Manés foi Madek (século VI d.C.), que acreditava que o mal do mundo tinha sua causa no desejo de posse da fortuna e das mulheres.
Combatida pela Igreja e pelo estado, estendeu-se da África do Norte à China, até a idade média (século XII), surgindo então como doutrina albigense (catarismo).
O Donatismo:
No ocidente, a partir de 312 d.C., houve um cisma na Igreja, quando surgiu os donatistas. Lucília mulher repreendida por Ceciliano arcebispo de Cartago, porque tinha o costume de beijar um osso (relíquia de algum santo) antes de comungar; por vingança, com sua riqueza e prestígio, organizou um grupo que era contra a eleição de Ceciliano, esse grupo dizia que o bispo Félix de Aptonge, era um traidor da Igreja, sendo um traidor não poderia consagrar Ceciliano.
Chefe do grupo, era o bispo Donato, com seu principal, teólogo, outro Donato, daí o nome donatistas, tiveram até tropas de choque (os soldados de Cristo), chamadas pelos católicos de “vagabundos” (circumcelliones).
Doutrina donatista: quem peca não pertence mais a Igreja, fora da Igreja não há sacramento, queriam expulsar bispos e padres pecadores, bem como seus fiéis. Condenada nos concílios de Latrão, em 313, e de Arle, em 314, os donatistas tiveram nos imperadores, seus maiores inimigos, no século V, o grande adversário foi Santo Agostinho, bispo de Hipona.
Através do Concílio de Cartago (411) estabeleceu-se que “não se sai da Igreja pelo pecado mas somente pela apostasia da fé”.
O Priscilianismo:
Na Espanha, Prisciliano, bispo de Ávila, divulga os ensinos gnósticos e maniqueus, introduzidos pelo monge egípcio Marcos. Em 380, Prisciliano e os seus, foram expulsos e executados pelo imperador Máximo. Porém somente no Concílio de Braga, em 565, é que essa heresia foi condenada.
O Pelagianismo:
Em reação aos gnósticos e maniqueus, surge o pelagianismo que se tornou uma grave heresia, divulgador Pelágio nasceu em 354 na Inglaterra, moralista e intransigente, dizia que não se precisava da graça para salvação, bastando somente a vontade individual, não existia o pecado original, era contra o batismo, contra a remissão dos pecados, acreditava que se não há pecado original, não há necessidade de redenção, logo Jesus Cristo é inútil.
Santo Agostinho, dizia : todos os homens pecaram em Adão, nascem com o pecado original e estão enfraquecidos por ele, mas conservam o livre-arbítrio, portanto é necessário o batismo para reaver a graça.
Concílio de Cartago, em 411, condenou o pelagianismo, no Oriente foi declarado ortodoxo, nos concílios de Jerusalém e de Diospolis em 415. Em 431, no Concílio Ecumênico de Éfeso, foi condenado.
As questões do pelagianismo são graves do ponto de vista teológico, dando origem a grandes controvérsias que talvez nunca tenham fim.
Elaborado por ANTÔNIO ROBERTO BRITO
Aluno da FATAC em SJ Rio Preto - SP
Fonte do trabalho: Pequena História das Heresias; João Ribeiro Jr.; Ed. Papirus.
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