terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O PLURALISMO RELIGIOSO E O IMPACTO DO CRISTIANISMO

Quando Paulo escreveu uma carta para a igreja de colossos (colossenses), ele se deparou com alguns problemas doutrinários que estavam ocorrendo naquela igreja, onde destaco um: os colossenses estavam procurando o sentido da religião, o desejo eficaz de ter relacionamentos certos com o Poder que se manifesta no universo. Era o almejo de penetrar mais nos mistérios do cosmo e, ao mesmo tempo de proteger-se contra más influências. Desta forma, a plenitude de Deus, segundo tal pensamento, é distribuída por uma série de emanações do divino, estendendo-se do céu até a terra (tipo de neoplatonismo). Estes rebentos da divindade deviam ser venerados e homenageados como “espíritos elementares” ou anjos, ou deuses, que habitavam nas estrelas, pois regem o destino dos homens e controlam a vida humana, e detém no seu poder a entrada no reino divino. Cristo, então, seria apenas um deles. Portanto, Cristo para eles só era uma das emanações do divino, e um dos espíritos elementares; algo parecido com pluralismo religioso dos dias atuais (que diz que Cristo só é mais uma caminho). Todavia, Paulo escreve mostrando a supremacia e individualidade de Cristo, especialmente no capítulo 1.15 – 29 onde ele mostra a glória da pessoa e da obra de Cristo. Assim nesse contexto ele vem tecendo sobre Cristo como Deus e Criador, Líder da igreja e Sua obra reconciliadora. Enfatizo os versículos de 20 – 23, onde mostra que pela morte e sacrifício de Cristo é que pode haver a reconciliação nossa com Deus. E é só por meio dEle que pode haver e não por mais nenhuma religião/crendice, pois Ele é o único caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6).

O pluralismo considera fundamental a diversidade da verdade, tornando a mesma relativa. Logo, a verdade é relativa, ou seja, não existe uma única verdade (verdade absoluta), porém existem várias verdades que são expressas no indivíduo e na cultura. Portanto, a objetividade (que procura a verdade e é imparcial) se torna um subjetivismo (que é às representações individuais da consciência) fazendo com que a verdade seja particular e pessoal. Isto foi construído em cima de dois pressupostos que são: (1) O estruturalismo, que se opõe ao conhecimento separado, sendo que todos os conhecimentos têm que estar juntos para construir algo (como o organismo biológicos, que para funcionar e existir tem que ter todos os órgãos funcionando juntos e não separados), sendo assim para a sociedade viver em harmonia e estruturada os conhecimentos diversos têm que viverem juntos, não sendo um maior que o outro, e depois disso há a formalização. Portanto, as religiões são membros do mesmo organismo que devem ter suas verdades juntas e não maiores umas das outras; e (2) O desconstrucionismo que ensina que existem infinitas possibilidades de sentido em um símbolo, seja social, seja religioso. Por conseguinte, a religião pode ter mais que um significado, logo, pode ter mais que uma verdade. Tendo os dois como primícias, começa o pluralismo que no âmago religioso vai ensinar que existem várias opções e verdades religiosas, e que todas levam para o céu no final (exemplifico com a maçonaria e o espiritismo), além disso, informa que não tem uma doutrina ou religião mais verdadeira do que a outra. Porém, opondo a esse sistema, adoto o monismo que relata que só existe literalmente uma doutrina da unidade, isto é, uma única verdade, a verdade absoluta. E no âmago da religião essa única verdade é Cristo Jesus, como já vimos no parágrafo acima. Além disso, o sistema filosófico do pluralismo religioso vai contra o LNC (lei da não contradição), pois quando falam que a verdade é relativa, implicitamente dizem que não existe verdade, porém se não existe verdade, isso significa que também não existe nenhuma afirmação verdadeira, portanto a própria afirmação de que não existe verdade não é verdadeira e é plural.

Um exemplo histórico que podemos citar que defendia a verdade relativa são os sofistas. O que importava para eles é que a verdade de alguém deveria ser defendia com boa retórica, persuasão e discurso. Eles tentavam unificar as diferentes visões do mundo, mas sua própria defesa ao relativismo impedia essa virtude. Com isso temos um ótimo exemplo, que mesmo quando queremos colocar a verdade como relativa para unificar o mundo (estruturar e formalizar) faz com que o mesmo continue do mesmo jeito, isto é, separado; pois como vamos querer unificar um mundo que tem idéias e pensamentos diferentes? Grandes filósofos atacaram as ideologias sofistas, dentre eles foram Sócrates, Platão e Aristóteles, o último relatou que o sofismo é “a arte da sabedoria aparente.”

Infelizmente nossa cultura global, influenciada pelo individualismo do pós-modernismo tem adotado o pluralismo com todo o seu conjunto (desconstrucionismo, dualismo, subjetivismo e estruturalismo), e assim tem até lançado sua doutrina religiosa do universalismo unitário (todos serão salvos no final). Porém não se esqueçam que só em Cristo há Salvação e não tem como ir para o Pai e para o Céu, se não for por ele (Jo 14.6; At 4.12). E quem não confessar Cristo como o único caminho, irá perecer e sofrer eternamente. A verdade bíblica é única, e é por ela que devemos deixar nossa doutrina crescer e fortificar, e não por esse pluralismo desenfreado e controlado pelo tempo pós-moderno (Rm 12.2).

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A CRISE DE IDENTIDADE DA IGREJA PÓS – MODERNA

Começo esse texto com o trecho de um famoso texto bíblico: E não sede conformados com este mundo (Rm 12.2a). A palavra “mundo” citado nesse texto, encontra-se no texto como “aioni” que é derivado de “aion” que no presente texto tem o significado de “período de tempo”, “idade” e “geração”, isto é, implica ao sistema em que tem vivido o presente tempo. Diante disso, quando Paulo fala para não se conformar com este mundo, ele se refere que não se deve conformar-se com o presente tempo em que o mundo tem vivido.

Com isso mente, acredito que a crise que a igreja tem passado nos tempos pós-moderno é porque a mesma tem se conformado com ele, ou seja, ela tem se adaptado ao seu estilo de vida, se adequado ao seu modo de pensar e se configurado aos seus padrões, princípios e valores. Sendo assim a igreja tem se ajuntado aos fundamentos inexistentes da pós-modernidade, trazendo para o seu âmago a verdade relativa, dessa forma destronando os princípios inabaláveis da fé cristã, que são suas doutrinas e dogmas. Além disso, tem que engolir o individualismo desse tempo, aceitando sua ideologia, onde as pessoas pensam que não prestam mais contas de suas atitudes para a comunidade em que vivem, colocando essa forma de pensar em cima do que a bíblia ensina sobre a comunhão dos santos. Sabe-se que o príncipe desse tempo é o diabo (Ef 2.2), o qual tem utilizado o seu reino para acabar com a igreja de Cristo, todavia, existe uma promessa para a igreja quando ela se posicionar e atacar, essa promessa é que “as portas do inferno não se prevalecerão contra ela (Mt 16.18)”, isto é, se a igreja de Cristo começar a avançar contra as ideologias e ensinamentos pós-modernos, apregoando as suas bases de fé e assim, também vivendo-as, os pós-modernismo não trazerá mais as crises que tem trazido (deve-se atacar os seus pressupostos errôneos, porém, o que estiver de correto nele, deve ser usado para contextualizar a mensagem da salvação, como já tem feito alguns).

Durante os tempos históricos vemos que a igreja passa pelas crises, mas sempre surgem grupos (remanescentes) que lutam para a mesma vencer tais crises. Exemplifico com os movimentos pré-reformistas. Como já é sabível, na época da idade medieval a Igreja Católica Apostólica Romana tinha abandonado muitos princípios bíblicos e lançado a mão para práticas pagãs e antibíblicas, além disso, estava havendo imoralidade de alguns pontífices. Em meio dessas situações caóticas surgiram movimentos como os Valdenses (condenando o purgatório e as indulgencies), os Catáros/Albigenses (buscando uma pureza espiritual, sendo que partiram para certo radicalismo), os Petrobrussianos (rejeitavam a missa e apregoavam sobre o matrimônio dos padres), os Lolardos que foram seguidores de John Wycliffe (pregou sobre a suprema autoridade das escrituras, a igreja como verdadeira e o conjunto de eleitos, e o questionamento do papado e da transubstanciação), outros que foram influenciados por essas idéias foram os Hussitas (seguidores de John Huss) e os Taboritas. Todos esses grupos citados colaboraram para que viesse ocorrer um avanço da igreja de Cristo sobre os caos que estavam vivendo, que foi a Reforma Protestante, liderada pelo monge Martinho Lutero. Ninguém imaginava que o romanismo pudesse ser vencido com suas práticas que viam das potestades do ar, contudo quando a verdadeira igreja de Cristo se levantou e lutou pelo que é correto “as portas do inferno não prevalecerão”.

Portanto, se a igreja de Cristo quer vencer essa crise que o pós-modernismo tem trazido de uma forma global, ou seja, atingido a maior porcentagem da cultura mundial, ela tem que seguir o imperativo principal do texto de Mt 28.19 “fazei que todas as nações se tornem discípulos (BDJ)”, sabendo que “nações” nesse texto tem a conotação de “tribos”, “raças”, “povos” e “línguas”, em suma, “grupo de pessoas”. Isto é, deve ensinar e influenciar a cultura global em sua diversidade tribal a viver conforme a cosmovisão/metanarrativa bíblica, ou seja, mostrar através da globalização a forma como a igreja enxerga o mundo e como se deve viver nele, discursando o fundamento universal e a estrutura da vida segundo o conceito das Escrituras. Desta forma usando o contexto como ferramenta e lutando para que as ideologias pós-modernas não entrem na igreja, porém que as doutrinas cristãs entrem no mundo, pois se assim não for, a tendência é piorar, como escreveu Darrow L. Miller: se a igreja não discipular as nações, as nações discipularam a igreja. Modificando-se para o conceito que esse artigo esta propondo fica assim: se a igreja não discipular o pós-modernismo, o pós-modernismo discipulará a igreja. Algo que já está sobrevindo…
Maurício Montagnero

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Integridade e Política

“É ainda mais trágico quando o povo... se preocupa mais com o desempenho do trabalho de um representante eleito (o que ele faz) do que com sua integridade (o que ele realmente é).”
(Norman Geisler e Peter Pocchino)


Encontramo-nos em época de eleição. Em um tempo onde somos desafiados a escolher um novo governo para o nosso país. Ficamos em dúvida em quem voltar (quando nós voltamos em alguém, pois na situação em vivemos muitos de nós preferimos anular os votos). Diante disso acredito que nessa época devemos que parar para refletir em vários aspectos da vida do político candidato a algum cargo, dentre esses aspectos destaco nesse presente artigo a integridade.

Mas o que é integridade? Minha definição acerca dela (haja vista que não é uma definição relativa, porém aceita pelo senso comum) é: atitudes/pensamentos retos e honestos diante dos padrões das leis existentes, leis essas que podem ser “positivas” (que são as leis criadas pelos governos locais) e “naturais” (que são as leis que todos os seres humanos têm em sua consciência, sem ter aprendido da mesma, pois vieram diretamente de Deus). E é sobre a última que eu quero refletir. Ela tem relação com a lei moral, a qual controla o nosso instinto a fazer o que é certo, pois os seres humanos têm consigo dois instintos, um que os levam a fazer o que é errado, e o outro que os levam a fazer o que é certo. E a lei moral que habita em nós, nos leva a realizar o que o instinto certo indica, quando atentemos a mesma.

Com isso em mente vamos trazer a sua aplicação para a política e para os políticos. Vivemos em um tempo estarrecedor em épocas de eleição, pelo motivo de preferirmos em votar em projetos, em nomes destacáveis, em ibope e etc... Não vejo problemas nesses fatos, ou que eles sejam maus, porém acredito que os mesmos deveriam estar submetidos a outro critério quando escolhemos nossos candidatos, que é o critério de postura, caráter, ética e integridade dos mesmos diante as leis tanto dos nossos governos, como especialmente do nosso Deus (lei natural). Por exemplo, como posso querer voltar em um candidato que vai “realizar” 1001 maravilhas para o nosso país, se o mesmo pretende em liberar o aborto e o homossexualismo? Ou também, se o mesmo tem uma vida cheia de atitudes imorais como: seqüestro, assaltos, roubos e estelionatários? Todas essas práticas são abomináveis diante as leis naturais, logo, abomináveis por Deus. Talvez o amado leitor pense: Mas é que esses candidatos não conhecem a Deus ainda, é por isso que têm tais idéias. Todavia vejo dois erros nessa afirmação: (1) Não só porque não conhecem a Deus, agora vão ter o direito em colocar as leis do Criador abaixo da ideologia deles; e (2) Eles não conhecem a Deus, no entanto, existem dentro deles as leis naturais e morais que mostram o que é certo e errado, e quando os mesmos não aceitam ouvir e seguir tais leis, estão se opondo ao Criador, ou seja, a Deus.

Amado leitor, tenha como primeiro critério em procurar partidos e políticos compromissados com as leis de Deus (leis naturais), mesmo que esses não conheçam a Deus. Homens e mulheres que vivam a integridade das leis naturais. Não procure por algum dito cujo que faça ou que fez, todavia não tenha integridade. Contudo vote certo e vote consciente, segundo os critérios das leis de Deus. Encerrando esse artigo deixo que o amado leitor medite nas palavras do Apóstolo Paulo aos romanos, que nos ensina acerca da lei natural e moral, que todos (salvos e não salvos) têm:

“Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os”
(Rm 2.12 – 15/ACF)
Maurício Montagnero

quarta-feira, 26 de maio de 2010

IGREJA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Antes de vermos a responsabilidade social da igreja, devemos que saber o porquê que nossas sociedades vivem em situações tão precárias como a pobreza, a fome e a miséria.

Apesar de eventos desastrosos serem bons motivos e boas respostas, como: a guerra, secas e inundação; tem também outro lado da moeda. Esse outro lado é que a pobreza é a conseqüência de uma visão de mundo que as pessoas têm sobre a vida e assim se comportam. Segundo o Maurício Cunha, a Bíblia ensina que a pobreza apesar de ser conseqüência da queda do homem, é, também, a maneira de ver e viver a vida. Assim realmente ensina a parte A do versículo 7 do capítulo 23 de Provérbios.

Porém, disso que vimos nessas linhas devemos que nos perguntar: Qual é a postura que a igreja deve tomar para mudar toda essa situação? Eu gostaria de meditar em um texto muito famoso, que é o milagre de Jesus na multiplicação dos pães e peixes (Mc 6.30 – 44). Aqui nesse texto vemos dois princípios interessantes que a igreja pode aplicar para cumprir sua responsabilidade social.

O primeiro princípio é de que, como Jesus tomou a providência em multiplicar pães e peixes para dar para o povo comer, assim a igreja deve que tomar a atitude de agir socialmente para matar a fome e a miséria do povo, ou seja, dar o peixe para eles. Vemos que Deus sempre agiu em favor desses, podemos ver isso nas leis do Pentateuco que são as leis da rebusca (Lv 19.9 – 10; 23.22; Dt 24.19 – 21) e o ano do Jubileu (Lv 25.8 – 34). Vemos também na literatura profética (Isaias, Oséias, Amós e Miquéias). Vemos ensinamentos de Jesus acerca disso como a parábola do bom samaritano (Lc 10.30 – 37) e a história do grande julgamento (Mt 25.31 – 46). Também vemos essa preocupação na igreja primitiva em Atos 6.1 – 7 e em Tiago 1.26 e 27. Realmente vemos na Bíblia a preocupação de Deus por esses.

Todavia o segundo principio que eu vejo e destaco-o é no versículo 34. Como Jesus teve a compaixão e ensinou o povo, assim à igreja deve tomar a responsabilidade de ensinar os necessitados em uma nova forma de ver o mundo e lutar para se levantarem na vida, ou seja, ensinar a pescar. E aqui eu faço contra – ponto com que eu disse na introdução. Se quisermos que os pobres, famintos e miseráveis sejam ajudados, nós como igreja devemos que ensiná – los a visão cristã. Ensiná – los que os trabalhadores são dignos de seus salários (1 Tm 5.8) e que uma nação que Deus é o Senhor será feliz e próspera (Sl 144).

E acompanhando a idéia de Darrow L. Miller a igreja deve tomar três atitudes para ajudar a comunidade carente e se levantar diante esse segundo principio. Primeiro deve proclamar o evangelho; segundo deve renovar a mente, ou seja, pensar cristãmente em todas as áreas da vida; e por último discipular a sociedade. A promessa de que a nação seria bendita já estava em Abraão (Gn 12.3), e aqueles que crêm em Jesus são descendentes espirituais de Abraão (Gl 3.7). E o nosso mandado é discipular as nações (Mt 28.19), fazendo-as se tornarem discípulas de Cristo e assim filhos de Abraão, se tornando dessa forma benditas. A benção do Senhor sobre a vida em sua totalidade!

De modo nenhum quero pregar a favor da Teologia da Prosperidade ou da Libertação, porém, quero salientar que a igreja tem que ajudar o seu próximo, e que os servos de Deus com uma cosmovisão moldada pelas escrituras têm uma vida em que dar para viver bem e sem miserabilidade. Como o próprio Calvino acreditava que a situação econômica do homem pode ser restaurada pela renovação espiritual da criatura, assim devemos que acreditar e pregar também.

Maurício Montagnero

BIBLIOGRAFIA:

LEITE, L.C Antônio; CARVALHO, V.R de Guilherme; CUNHA J.S Maurício. Cosmovisão cristã e transformação social. Espiritualidade, razão e ordem social. Editora Ultimato. Viçosa, MG; 2006.

MILLER, L. Darrow. Discipulando Nações. Editora FatoÉ. Cuiritiba, PR; 2000.

terça-feira, 11 de maio de 2010

CRISTIANISMO E CULTURA

Devemos que entender que o cristianismo é uma religião que não simplesmente oferece um plano de salvação para uma vida após a morte, mas, sim, como uma religião que abrange a totalidade do individuo até o social e da religião até a cultura.

Quando Deus criou o homem juntamente criou o ambiente. E deu um imperativo ao homem, que podemos ver como um “mandamento cultural” (Gn 1.26 – 30). Porém, quando o homem se rebelou contra Deus, o ambiente, ou seja, o aspecto cultural que estava em volta do homem foi prejudicado (Gn 3.14 – 19). Essa rebelião trouxe dano ao homem e às suas obras.

Agora só há uma maneira de a cultura ser levantada de novo, que é se converte - lá ao Criador novamente. Mas como isso é possível? Em Mt 28.18 – 20, Jesus deu uma ordem aos seus discípulos. Interessante notar que no original grego a ordem não é “fazei discípulos”, mas, sim, “discipulais as nações”, ou como coloca a Bíblia de Jerusalém “fazei que as nações se tornem meus discípulos”. Antes de continuar devemos que entender que nação não é simplesmente um território, mas, também é povo, tribo, língua e raça. Ou seja, uma cultura/sociedade pode ser considerada uma nação. E o nosso dever diante do texto citado é discipular a cultura, ou seja, ensinar os princípios bíblicos e a cosmovisão visão cristã para determinada cultura.

Destaco o que eu escrevi por último. A igreja de Deus deve ensinar sua cosmovisão para a cultura que está inserida, para uma transformação. Pois a forma de como vejo o mundo influencia como vivo nele. Por exemplo, dois povos têm uma visão diferente sobre a terra da palestina. Um acredita que a terra é maldita, quando o outro acredita que ela é abençoada. A parte da terra que pertence ao povo que acredita que ela é maldita está em caos e em plena feiúra. Agora a parte da terra que pertence ao povo que acredita que ela é abençoada está prosperando e a terra está bonita. Visões diferentes de mundo para uma mesma terra, com isso houve resultados diferentes.

Agora quando a igreja discípula a cultura em que ela vive com a cosmovisão cristã, irá influenciar o conjunto de princípios e costumes daquela cultura, ou seja, influenciará a sua ética que se adaptará aos ensinos da palavra. E influenciando a ética e se adaptando aos ensinos da palavra mudará o modo de viver daquela cultura. E é interessante notar que se a igreja se posicionar em trazer a cultura de volta para o Criador, através do ensinamento e da construção da cosmovisão cristã, o reino de Deus será estabelecido em tal cultura.

É importante notarmos isso, que o reino seja estabelecido na cultura, pois se querermos uma cultura de paz, alegre e justa, precisamos tomar essa iniciativa de estabelecer o reino de Deus, pois ele é um reino de paz, justiça e alegria no Espírito Santo (Rm 14.17).

Concluindo, recapitulo tudo que foi dito. Se quisermos que uma cultura seja cristianizada, precisamos estabelecer o reino de Deus em tal cultura, com o ensinamento e construção da cosmovisão cristã em tal lugar, discipulando assim essa cultura e trazendo-a novamente para os braços do Criador. E há algumas crenças dessa cosmovisão visão que devem se destacadas como: O valor da vida humana, pois o homem é imagem semelhança de Deus; a cultura pode ter a intervenção de Deus e a aplicabilidade da inteligência do homem, assim pode-se construir uma história; a responsabilidade pessoal e social de cada ser – humano; igualdade entre as pessoas, sem discriminação; crer em uma verdade absoluta que é Deus e a práxis de sua palavra; e que o homem é mordomo de Deus e assim trabalha para Deus na cultura e ambiente em que vive.

Maurício Montagnero

BIBLIOGRAFIA:

LEITE, L.C Antônio; CARVALHO, V.R de Guilherme; CUNHA J.S Maurício. Cosmovisão cristã e transformação social. Espiritualidade, razão e ordem social. Editora Ultimato. Viçosa, MG; 2006

WINTER, D. Ralph; HAWTHORNE, C. Steven. Missões transculturais, uma perspective cultural. Editora Mundo Cristão. São Paulo. 1997.

MILLER, L. Darrow. Discipulando Nações. Editora FatoÉ. Cuiritiba, PR; 2000.